MET, um novo biomarcador no CPNPC – que abordagem molecular?

As especificidades e potencialidades do novo biomarcador MET (mesenchymal-to-epithelial transition) no cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC) foram analisadas no Simpósio organizado pela Merck na AEOP14.

A sessão foi moderada por Anabela Amarelo, do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho, tendo como orador convidado o especialista da Unidade de Diagnósticos e Coordenador da Unidade de Difusão Científica do IPATIMUP, Luís Cirnes.

O orador começou por destacar como as inovações e opções terapêuticas dos últimos anos e o trabalho dos profissionais de saúde envolvidos no tratamento do CPNPC têm permitido aumentar significativamente a sobrevida dos doentes com esta patologia, uma das mais prevalentes no nosso país.

Para esta alteração de paradigma, muito tem contribuído a descoberta de diferentes biomarcadores, que permitem um tratamento com terapias direcionadas. Focando a sua atenção no MET, o palestrante explicou que “existem quatro categorias de alterações da proteína MET”, enumerando-as: mutação, amplificação, sobre-expressão e fusão.

Para a deteção da desregulação do MET, o orador utiliza o método Next Generation Sequencing (NGS), também em linha guidelines internacionais, tendo como única desvantagem os custos elevados associados. “Deverá ser feita uma abordagem alargada, incluindo o máximo de biomarcadores possível”, referiu.

Relativamente à evidência científica, Luís Cirnes destacou dois dos fármacos no mercado que atuam no MET: capmatinib e tepotinib. Os estudos mais recentes com estas moléculas registaram “uma boa resposta à remissão do tumor, prolongado no tempo, demonstrando a eficácia da terapêutica”. Os efeitos secundários dos fármacos não foram considerados relevantes pelo palestrante.

O tipo e material a utilizar para a abordagem molecular, bem como o armazenamento, transporte e manuseamento, foram também tópicos abordados pelo orador. O material preferencial é o tecido neoplásico, sendo a biópsia líquida “um excelente plano B”. Importa também validar a metodologia (sensibilidade e especificidade), conhecendo as limitações de cada método. O controlo de qualidade externo não pode ser descurado, de acordo com o orador. Além disso, é importante “criar um workflow envolvendo clínico, anatomia patológica, administrativos e patologia molecular”.

A sessão terminou com apresentação de dois casos clínicos que comprovaram a grande utilidade destes estudos moleculares (realizados no IPATIMUB) na identificação e seleção de doentes com CPNPC que podem beneficiar destes tratamentos inovadores.

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