No arranque das sessões da tarde do primeiro dia da AEOP14, decorreu a Sessão Educacional conjunta da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP) e da Sociedade Espanhola de Enfermagem Oncológica (SEEO), na qual foram apresentadas a realidade portuguesa e espanhol quanto ao “Impacto da pandemia em doentes com cancro”, sob moderação da Enf.ª Cristina Lacerda, membro da direção da AEOP, e Júlio de La Torre, membro da SEEO
A Enfermeira Paula Amorim, membro da direção da AEOP, iniciou a palestra com a demonstração de dados relativos à COVID-19 em Portugal, relacionando-os com os dados de cancro na mesma população. O atual contexto pandémico levou à diminuição de diagnósticos de cancro em Portugal e das consultas. Os cuidados de saúde hospitalares, como os internamentos e cirurgias programadas, sofreram igualmente uma redução. O número de rastreios de diversos tipos de neoplasias foi também um dos indicadores a sofrer uma quebra em Portugal durante a pandemia.
Relativamente ao impacto nos centros de saúde, a oradora destacou a dificuldade no acesso a consultas. O medo dos doentes em contrair o vírus levou a diagnósticos tardios, à ausência de rastreios e a atrasos nas juntas médicas para avaliação de incapacidade. Em ambiente hospitalar, a COVID-19 teve um impacto em termos de “menor referenciação para consultas”, no surgimento de “doentes com diagnóstico em estádios mais avançados”, na “suspensão de algumas consultas e incremento das teleconsultas, assim como no “descontrolo sintomático por medo do doente ir ao hospital”.
A Enf.ª Paula Amorim apontou a contrainformação como uma das principais barreiras ao tratamento dos doentes durante a pandemia. Muitos dos doentes suspenderam o seu tratamento devido à situação pandémica, algo que implicou complicações psicológicas para os doentes.
Algumas entidades, como a AEOP, a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), e algumas associações de doentes, lançaram recomendações com vista a melhorar a gestão do doente oncológico durante a pandemia. Para finalizar, a enfermeira deixou algumas recomendações futuras para a gestão desta doença.
Para elucidar o impacto da pandemia na realidade espanhola, a Enfermeira Jorgina Serra Lopez, membro da SEEO, apresentou alguns dados epidemiológicos e estudos que demonstram a diminuição de diagnóstico de neoplasias. A palestrante apontou algumas das medidas adotadas para contornar as complicações vividas por parte dos doentes oncológicos, como por exemplo a reorganização do pessoal, recrutando profissionais de oncologia para outras unidades de COVID, e a reorganização da sua atividade recorrendo a consultas telefónicas para evitar a deslocação do doente, e a implementação da imunoterapia em dose dupla para prolongar os tempos entre as visitas.
A preletora finalizou, deixando algumas considerações futuras para a gestão de doentes de cancro, cujo número está a aumentar, após as complicações vividas no seu diagnóstico durante a pandemia.