Moderada por Elisabete Soares, enfermeira no Serviço de Radioterapia do IPO do Porto, a Mesa 3 abordou a temática “Tex-oe, uma nova opção terapêutica na prevenção da radiotoxicidade cutânea na mama”.
David Rodrigues, farmacêutico na Cosmeklinik em Madrid, iniciou o seu discurso com uma breve descrição do Tex-Oe®, especificando o seu mecanismo de ação. A sua atuação sobre a sobrevivência celular, aumentando a expressão da família de proteínas HSP, conhecidas como proteínas de “stress” foi descrito pelo palestrante. O orador fez a distinção entre HSP constitutivas e induzidas, especificando as particularidades de cada uma delas. Alguns estudos in vitro e estudos de eficácia foram abordados pelo autor da apresentação. Estes demonstraram o aumento da sobrevivência celular através do aumento da expressão de proteínas HSP. Resultados favoráveis da utilização de Tex-Oe® na radiodermite aguda e crónica foram igualmente demonstrados. O preletor terminou a sua apresentação, realçando que 99% dos doentes sofrem algum tipo de toxicidade cutânea ou de mucosas.
De seguida, Concha Rodriguez, enfermeira na GenesisCare em Madrid, abordou a temática de radioterapia no cancro da mama e a importância das consultas de Enfermagem. A especialista referiu a radiodermite como uma complicação que engloba manifestações cutâneas inflamatórias, esclarecendo que o mecanismo biológico de dano deverá ser acompanhado desde o seu início. A oradora prosseguiu a sua apresentação demonstrando algumas das recomendações gerais de cuidados dermatológicos aquando do tratamento radioterapêutico. Por fim, a oradora destacou a importância do Tax-Oe® no tratamento de radiodermites, apresentando alguns ensaios clínicos que a sustentam.
Por último, Marisa Matos, enfermeira do Serviço de Radioterapia do IPO do Porto, incidiu o seu discurso na importância da radiodermite na prática clínica atual. Após questionar a audiência acerca da sua experiência com Tex-Oe®, a oradora prosseguiu a sua apresentação, descrevendo casos clínicos de doentes com cancro da mama submetidas a tratamento com esquemas terapêuticos que incluem radioterapia e Tex-Oe®. A oradora referiu os efeitos adversos e a progressão da doença, assim como as respetivas reações dermatológicas desde o início do tratamento até uma a duas semanas após o tratamento de RT.
Como conclusões, a palestrante destacou a excelente aceitação de Tex-Oe® por parte dos doentes, mencionando a adesão ao regime terapêutico como um aspeto fundamental para minimizar a toxicidade cutânea. A especialista referiu ainda que a amostra reduzida do estudo não permite tirar conclusões definitivas acerca da eficácia do Tex-Oe® e sugeriu que serão necessários estudos futuros com uma amostra significativa de forma tirar conclusões definitivas.
Após as apresentações, foram colocadas algumas questões por parte dos participantes, tais como se o Tex-Oe® já se encontrava disponível em farmácias comunitárias. David Rodriguez descreveu o exemplo espanhol, respondendo que essa matéria está ainda a ser estudada devido a questões económicas. A moderadora Elisabete Soares descreveu o exemplo do IPO do porto, explicando que a Cosmeklinik elaborou um acordo com duas farmácias próximas do IPO, de forma a facilitar a aquisição deste produto aos doentes oncológicos.
A última mesa do simpósio contou com a presença de Daniel Ferreira, enfermeiro no Serviço de Braquiterapia do IPO do Porto, como moderador. “Técnicas de tratamento de Braquiterapia Ginecológica” foi o tema discutido neste painel.
Daniela Pereira, enfermeira no Serviço de Braquiterapia do IPO do Porto, deu início à sua apresentação, relativa a técnicas de tratamento de braquiterapia ginecológica. Alguns dados relativos a doenças oncológicas do foro ginecológico foram descritos pela palestrante, assim como dados relativos ao cancro ginecológico na península ibérica. A palestrante destacou alguns fatores de risco para as diversas neoplasias ginecológicas, apresentando os respetivos esquemas terapêuticos, nos quais se insere a braquiterapia. Como conclusão, algumas técnicas de tratamento de braquiterapia ginecológica foram apresentadas e o workflow do internamento em Braquiterapia foi exibido.
A apresentação da enfermeira do Serviço de Braquiterapia do IPO do Porto, Liliana Amorim, incidiu na abordagem da sexualidade em contexto oncológico, especificando os efeitos secundários da radioterapia pélvica na disfunção sexual dos doentes. Métodos de prevenção de estenose vaginal foram abordados pela palestrante, tais como a utilização de dilatadores vaginais. A redução e reeducação da musculatura do assoalho pélvico foram algumas das abordagens destacadas pela oradora como intervenções benéficas para a saúde e sexualidade das doentes.
Na última intervenção do simpósio, Paula Pérez Villaverde, enfermeira do Hospital Del Mar Barcelona descreveu o procedimento utilizado em consultas de Enfermagem em braquiterapia e alguns dos efeitos adversos derivados da toxicidade à braquiterapia, destacando o risco de infeções genitais como um dos principais riscos a ter em consideração. A comunicação com o doente e a forma como é feita foi um fator salientado como sendo crucial na gestão da relação com as doentes. A oradora referiu técnicas de melhoria da sexualidade das doentes oncológicas sujeitas a braquiterapia ginecológica.